O mercado imobiliário de Teresina tem acompanhado a valorização dos studios, um formato de moradia compacta que se tornou tendência nas metrópoles brasileiras, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. De acordo com pesquisa da consultoria Brain, contratada pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil de Teresina (Sinduscon) o valor médio do metro quadrado privativo desses imóveis cresceu a ponto de ultrapassar o preço de apartamentos de luxo e superluxo na capital piauiense.
Atualmente, há oito empreendimentos do tipo studio em construção na cidade, além de um em fase de pré-lançamento. Os dados da Brain mostram que 77% das unidades lançadas já foram vendidas, restando apenas 23% disponíveis no mercado.
O preço médio do m² privativo dos estúdios em Teresina atingiu R$ 12.638, mais que o dobro da média geral dos empreendimentos na cidade, que é de R$ 6.294. Já os imóveis de alto padrão como luxo e super luxo apresentam, respectivamente, o valor de R$ 11.236/m² e R$ 12.545 por m².
Enquanto o preço médio de um estúdio de 36 m² chega a R$ 454 mil, um apartamento econômico, apenas nove metros quadrados maior, custa R$ 195 mil. Já um apartamento do tipo standard, com 66 m², é vendido por R$ 343 mil.
Por que os studios estão se valorizando tanto?
Segundo o corretor de imóveis Pablo Paz, a valorização expressiva está diretamente ligada ao perfil do público que busca esse tipo de moradia e ao uso estratégico dos estúdios como alternativa de hospedagem temporária.
“A valorização dos studios se deve à alta demanda por hospedagem de curta temporada em Teresina. Os hotéis não comportam toda a quantidade de pessoas que visitam a cidade, seja a trabalho, seja para estudo ou para cuidar da saúde, pois há um déficit de quartos”, explica o especialista.
Outro fator determinante é a alta rentabilidade desse tipo de empreendimento para investidores. Segundo Paz, o retorno financeiro do aluguel de um studio pode ser até três vezes maior do que o de um apartamento tradicional. “Eles são voltados para renda, com um público específico: o investidor, que compra para alugar, e o usuário, que será o hóspede. Por serem menores e mais bem localizados, oferecem um custo-benefício atrativo”, acrescenta.
Studios são construídos em localizações estratégicas
O estúdio é um apartamento compacto com menos de 40 m², formado por um único cômodo, onde quarto, sala e cozinha acompanham o mesmo espaço e a única divisão é o banheiro. Alguns podem ter varanda, outros não. “Se houver separação entre o quarto e o restante do ambiente, ele deixa de ser um estúdio e passa a ser um apartamento de um dormitório. Basicamente, é como um quarto de hotel, mas com uma cozinha integrada”, explica o corretor de imóveis.
Pablo ressalta que os studios oferecem uma estrutura moderna, com academia, lavanderia compartilhada e coworking, atendendo a moradores que priorizam conveniência e mobilidade. Esse perfil se reflete na localização dos studios lançados: segundo o levantamento da Brain, os empreendimentos estão sendo construídos na zona Leste de Teresina, região que concentra diversos tipos de imóveis, dos mais econômicos aos mais caros.
A mesma tendência é observada em outras cidades brasileiras. Um levantamento realizado pela imobiliária digital Quinto Andar a pedido do portal E-Investidor, do Estadão, revelou que os studios atraem jovens das gerações Z e millennials em busca de mais autonomia. O perfil predominante dos moradores de studios é composto por pessoas entre 20 e 39 anos que moram sozinhas. Essas pessoas preferem apartamentos mobiliados e estrategicamente localizados em regiões centrais e áreas nobres, próximas a centros de trabalho e faculdades.
Segmento segue aquecido com demanda reprimida, diz corretor
Mesmo sem nenhuma unidade entregue até o momento, o segmento de studios em Teresina segue aquecido, impulsionado pela alta demanda reprimida. Segundo Paz, “se houvesse mais hotéis ou se os studios já estivessem prontos, viria muito mais gente para a cidade”.
Paz ainda destaca que a ampliação do aeroporto de Teresina é um indicador claro da necessidade de mais infraestrutura para receber os visitantes. “Você não compra uma passagem se não tiver hospedagem e não reserva uma hospedagem se não tiver passagem. Uma coisa puxa a outra”, explica.